sexta-feira, 9 de maio de 2008

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Acordou e foi até a pia do banheiro. No meio do caminho, lembrou do exame que teria de pegar à tarde, da construção que não acabava, da gravidez da mulher. Lavou o rosto, sentou-se para tomar café, em seguida levantou-se e foi na obra:

- faltou brita...

Participara de um show na noite anterior, também parou na frente do computador e pôs-se a treinar Excel, ligou para a mãe, fez uma lista de compras – farinha de trigo, queijo, uma janela de vidro para a construção. Por vezes o dia amanhecia meio nublado e ele se escondia, por vezes fazia sol e vinham as iluminações e ele se descobria único: poderia estar em outro corpo, ter outros pés, outras mãos, outra mente, mas veio e nasceu um pouco assim e se transformou no que era agora – e se nascesse libriano, chinês, gabiru? E em outro país? E as tais reencarnações, hein? Tanta coisa pra pensar se existe ou não, afora a realidade das matemáticas das lojas de materiais, do falso bom humor dos vizinhos, do calor do sol, do estoque na despensa ou a ressaca da noite anterior. Preguiça pra ser tantos. Preguiça e medo. Enquanto não se decide, espera os dias passarem, torcendo para que Deus lhe dê sorte e uma filha cheia de compreensões.

- faltou areia e cimento também.

E a vida seguindo a correnteza do mar, lá embaixo um arco-íris dizendo que não vai mais chover.
Rodrigo Melo

3 comentários:

Anônimo disse...

Bom te ver tchelssis.
Creio ser bom sinal.
O Sr. crê em sinais?

Carlos Cecíliaz

Anônimo disse...

creio, craro.

Bianca Rosolem disse...

ErreÊme:

Nasceu?!

Coloque texto novo já!

Beijo*

Bi