terça-feira, 6 de maio de 2008

QUANDO VOCÊ NÃO DISSE MAIS "EU TE AMO"

Você virou, deixou-me suas costas e dormiu. Ainda permaneci olhando o teto sem forro e as teias de aranhas na vigas. Sentia frio. Eu olhei para você querendo dizer algo sobre os insetos mas te estranhei. Olhava suas costas e não entendia. EU NÃO ENTENDIA. Apoiei a cabeça com as mãos e olhei seu rosto. Procurei por algo. Permaneci assim por um tempo. O corpo semi-ereto, olhando por cima de seus ombros: O seu rosto. Tinha algo de bom e algo de ruim. Dentro de mim. Eu não acreditava, não sei se por sua falta ou pela minha. A fé estava escondida em algum lugar daquele quarto, você procurou aquele dia mas só encontrou um maço de cigarros vazio. Eu poderia dizer muitas coisas, mas nunca conseguia. Poderia dizer do quanto quero, mas algo me faz engolir as palavras junto com a bebida. Eu tenho coragem, só duvido da sua.

A aranha fazia sua teia, paciente, ela traçava destinos e fins. Alí algo iria morrer. E sempre morria dentro de mim, também, e eu sentia uma tristeza que me fazia ficar embaixo do chuveiro quente. Eu chorava ali, encolhida, sentindo a água, e você nem percebia enquanto fazia a barba.
Eu chorei algumas outras vezes também. Poderia estar chorando agora, vislumbrando suas costas frias e distantes como as paredes. Mas acho que algo perdeu-se naquelas teias antigas do telhado e da vida.

Descansei a cabeça no travesseiro, esperando por algo maior. Exstia uma vida insatisfeita e faminta, algo ainda incompreensível que me fazia querer correr.
E quanto mais de fome eu doía, e quanto menos eu respirava, eu procurava o calor de seu corpo estendido e inerte. E depois do conforto instantâneo, ficava perdida novamente. Era uma falta sem saber.

Fiquei ainda procurando por algo sobre nossas cabeças, alguma resposta, algum alívio, algum fim sem sentido. Sem sentir. Sem viver aqui esperando o retorno das suas costas. A aranha está ali, nos olhando, tecendo, cuidadosa. As suas costas e as paredes. Sozinha.
Bianca Rosolem

2 comentários:

motel disse...

menina, seu texto é que nem a tal da aranha, vai tecendo a teia ao redor sem a gente sentir. é isso, achei massa.

Vanguarda Cibernetica disse...

'bullshit, bitch! esse blá blá blá tem hora prá acabar! E nem sempre é preciso rimar... basta assimilar! O tempo se vai, planos se perdem, nao adianta chorar, a hora vai chegar...

airton schimitt (ligeirinho)