quarta-feira, 28 de maio de 2008

vingança

Ele subiu no caixote de madeira, desses que usam para transportar maçãs, e gritou:

- De hoje em diante, quem quiser roubar, matar, estuprar ou o que for, tem que falar comigo antes. Quem manda nessa porra agora sou eu, estamos entendidos?

Não houve sequer um murmúrio na sala abarrotada. Apenas aqueles olhos arregalados, as cabeças balançando pra cima e pra baixo, os dedos entrelaçados uns nos outros e um suor escorrendo da testa.

- Bom, era só isso.

Então ele desceu do caixote, cruzou a sala, olhando no fundo do olho de cada um, e saiu. Lá fora um carro o esperava com motorista e uma loira no banco de trás. Ela vestia uma dessas roupas de vinil preto. Ele a puxou a seu encontro e beijou-a um beijo cheio de força e desespero. Ela tentou se desvencilhar, mas apenas tentou. Com um homem grande e bruto daqueles, necessário mais que força: vingança, ódio, dor. Lembrava-se dele quando, ainda menina, o viu matar todos na casa, os pais, os avós, os irmãos e os bichos de etimação.

- Qual o seu nome, doçura? – ele perguntou.
- Nádia – ela disse.
- Humm... Então, Nádia, me diga: será que você me agüenta em cima duma cama? – e então sorriu alto, como se ganhasse uma guerra.

Ela também sorriu, e isso até caiu bem, mas enquanto ele pensava em sacanagens e fantasias, ela sorria imaginando os golpes que Ming-ho, o velho chinês, lhe ensinara há alguns anos, quando foi sua discípula no Castelo de Groomannn.

rodrigo melo

3 comentários:

Anônimo disse...

Ming Ho é o cara!!!

Bianca Rosolem disse...

Tarantino e Almodóvar = RM inspirado!
;-)

Escreve, escreve e escreve que a gente adora!

Adoro roupa de vinil.

bjo*

Bi

Erika disse...

Hum..gostei..haveria continuação pra isso???


um abraço...mas o comentário MOR vai pro texto da avó. Eu adodo avós.