terça-feira, 26 de agosto de 2008

LICENÇA PARA SER CLICHÊ

As flores estavam murchas e sem água. Eu esqueci mais uma vez. Talvez eu abra uma fresta da janela e mude o cd. O calendário ainda está em janeiro. O relógio da cozinha parou há muito tempo.
Tempos estranhos por aqui. Prozac ou Gugu, uma felicidade idiota nos sorrisos clareados. Conversas de elevador sufocam de perfume francês as sete da manhã. Espremida, minha vida rende piadas no bar e linhas irônicas. Há algo de fantástico nisso, eu acho, me disseram. Nem lembro se foi este ano. Tenho uma pilha de livros para ler e não saio dos sebos da redondeza. Acho tudo muito barato e bonito, basta andar por aí para se ver. Se ao menos eu gostasse de colocar pôsteres no quarto...Mas não, até as fotos eu tirei.
Esquecendo de esquecer, eu lembro cada dia mais. Eu posso dizer “Ô gente chata ducaralho”, mas prefiro pedir uma cerveja e sorrir. Abraço algumas pessoas e penso se elas podem estar realmente vivas fedendo daquele jeito. Tenho milhares de opções mas fico só com três. E ainda quero me livrar destas. Passo o ponto.

Um comentário:

Rubem Garcia disse...

Ainda outro dia faltou Whisky pro meu prozac...
faltou fumaça pra minha vontade,
faltou tristeza, faltou verdade,
e sempre me sobraram,
piadas irônicas
linhas cruzadas
ao telefone...
solidário à toda e qualquer
ausência de pôsteres no quarto,
ou contra o fedor (mais das cidades que das gentes)...
não pude me furtar a um improviso,
de estar de imediato cativo
à versatilidade do seu texto...

Perdão pela intromissão!!!
Rubem Garcia