quinta-feira, 30 de abril de 2009

ELEGIA A SOLIDÃO MODERNA

E eu aqui pensando, não gosto mesmo de coisa muito pessoal. Em primeira pessoa só falo de outros, mesmo que eus, ainda assim não é aquele de hoje.

Agora se isso faço – veja o primeiro tempo verbal conjugado - porque quero é meter meu bedelho nesse mundo estranho. Eu vou até sentir falta do sertanejo brega que canta a saudade “do seu amor quentinho”, ou aquele papo-cabeça canção de quem se sente sozinho.

Tudo pra dizer que eu quero mesmo é cada vez mais enlouquecer e me enfiar numa caverna com poucas coisas e jogar minha própria merda no chato que ousar passar por lá com toda essa parafernália moderna.

É Orkut, Twitter, celular-computador, computador-casa, casa-orkut, fotolog-amigos, eu já não entendo mais nada, essa coisa dessa gente falar tanto sobre coisa alguma. E toda essa especulação sobre a vida alheia só poderia tapar dentro de cada um, sei lá, quem sabe, algo do tamanho de um buraco negro existencial.

E a cada século o ser humano dá mais um grande passo na sua eterna cagada de não se conformar com sua própria insignificância perante o Universo e a magnitude da Vida, e decide criar alguma brincadeira infantil e coletiva para distrair-se da consciência individual e cruel.

Eu, como sempre digo, – e nem eu sei quem é essa aí que Vos fala – prefiro é ficar mesmo na minha vidinha besta pra caraleo, sem muitas coisas legais pra contar, sem muito me enfeitar e sem aprender a fazer bico.

E também, sem ser uma pra contar.

Um comentário:

Francesco Esposito disse...

Internet e milhoes de conexoes
abrem espaços para trocar tudo
inclusive o nada.
O vacuo portanto riverbera
e compoe o espaço flutuante
que nos separa e que nos conecta
onde voce explode num big bang
que me irradia com luz a gravidade
voce, buraco preto poetico
que desfolha com a sua força semantica
as ultimas palavras que me cobrem nessa noite.